Nos últimos anos, os relacionamentos têm ganhado novas formas e dinâmicas, adaptando-se às necessidades e desejos de pessoas que buscam alternativas à monogamia tradicional. Entre essas opções, o relacionamento aberto se destaca como uma escolha para quem deseja manter um vínculo principal, ao mesmo tempo em que explora novas conexões, sejam emocionais ou sexuais. No entanto, para que esse tipo de relação, seja ele entre um casal ou um trisal, funcione de maneira saudável, é essencial definir regras claras. Essas regras são como um manual de navegação, permitindo que o relacionamento siga seu curso sem grandes turbulências.
1. A Importância da Comunicação
Um relacionamento aberto ou poliamoroso só pode funcionar se houver uma comunicação aberta, honesta e constante. Não estamos falando apenas de conversas superficiais, mas de diálogos profundos e sinceros, onde todas as partes envolvidas se sintam seguras para expressar seus sentimentos, dúvidas e, principalmente, inseguranças. Um dos maiores desafios desse tipo de relacionamento é lidar com o ciúme, e a única maneira de desarmar esse sentimento é por meio da conversa. Se um parceiro está desconfortável com determinada situação, é fundamental que isso seja discutido antes que vire uma bola de neve.
Como destaca o psicólogo e sexólogo Wantuir Rock, “A comunicação é o pilar fundamental em qualquer relacionamento, especialmente em dinâmicas não monogâmicas. Sem ela, o relacionamento está fadado a se perder em inseguranças e mal-entendidos.”
Além disso, estabelecer momentos regulares para revisar como o relacionamento está indo pode ser uma prática saudável. Esses "check-ins" ajudam a identificar possíveis desconfortos e a resolver questões que, se deixadas de lado, poderiam se tornar problemas maiores.
2. Definindo Limites e Expectativas
Outro passo crucial para que um relacionamento aberto ou poliamoroso funcione é a definição de limites claros. Cada casal ou trisal tem suas próprias regras, e o que funciona para um grupo pode não funcionar para outro. Por isso, é importante que as expectativas de todos estejam alinhadas desde o início. Alguns exemplos de perguntas que devem ser discutidas incluem:
Com que frequência os parceiros podem sair com outras pessoas?
Existe algum tipo de conexão (emocional ou sexual) que deve ser evitada?
Qual o grau de intimidade que é aceitável fora do relacionamento principal?
Essas são questões delicadas, mas extremamente necessárias. O objetivo aqui não é restringir, mas sim criar um ambiente de respeito mútuo, onde todos os envolvidos saibam o que esperar e o que é permitido. Limites bem definidos ajudam a reduzir conflitos e a evitar surpresas desagradáveis.
3. Transparência como Alicerce
Ser transparente é outro ponto chave em um relacionamento aberto. Isso não significa que você precise contar cada detalhe de seus encontros, mas sim manter uma comunicação honesta sobre as partes que realmente importam. Se você conheceu alguém novo, é essencial compartilhar isso com seu parceiro ou parceira. Afinal, em um relacionamento aberto, a confiança é o alicerce, e esconder algo pode corroer essa base.
Como explica Wantuir Rock, “Em um relacionamento aberto, especialmente em um trisal, a confiança é a base de tudo. Manter a transparência em suas ações e sentimentos é o que garante que todos se sintam seguros e respeitados.”
O nível de transparência pode variar de casal para casal. Alguns preferem compartilhar mais detalhes sobre seus encontros, enquanto outros se sentem mais confortáveis com uma abordagem mais discreta. O essencial é que todas as partes envolvidas concordem sobre o que é melhor para o relacionamento e se sintam à vontade com isso.
4. Revisão Constante das Regras
Relacionamentos evoluem, e as regras que funcionavam no começo podem precisar de ajustes com o tempo. Um erro comum em muitos relacionamentos não monogâmicos é achar que as regras são imutáveis. Na verdade, elas devem ser revisadas periodicamente para garantir que todos ainda estejam confortáveis com o que foi acordado.
Pode ser que, no início, um dos parceiros não se sinta à vontade com encontros frequentes, mas com o tempo essa perspectiva mude. Ou, ao contrário, pode ser que a pessoa se sinta mais insegura à medida que o relacionamento evolui. O importante é que essas conversas sejam feitas de forma respeitosa e aberta, permitindo que as regras sejam ajustadas de acordo com as necessidades e sentimentos de cada um.
5. Saúde Física e Emocional: Prioridades Absolutas
Por fim, em qualquer relacionamento aberto, a saúde física e emocional de todos os envolvidos deve ser prioridade. Isso significa, em primeiro lugar, proteger-se fisicamente. O uso de preservativos e exames médicos regulares são práticas indispensáveis para garantir a saúde de todos. Não se trata apenas de proteger a si mesmo, mas de cuidar de todos os envolvidos.
Além disso, é fundamental cuidar da saúde emocional. Relacionamentos não monogâmicos podem trazer uma série de novas experiências e emoções, algumas das quais podem ser desafiadoras de lidar. Ciúmes, inseguranças e até mesmo a sensação de inadequação podem surgir, e tudo isso precisa ser trabalhado de forma saudável. Uma boa opção é procurar terapia individual ou de casal (ou trisal), onde todos podem ter um espaço seguro para discutir essas emoções e encontrar maneiras de lidar com elas.
Colocar as regras em um relacionamento aberto ou poliamoroso não é apenas uma questão de organização, mas sim uma forma de garantir que todos se sintam seguros, respeitados e valorizados. A comunicação aberta, a definição de limites claros, a transparência, a revisão constante das regras e o cuidado com a saúde física e emocional são as bases de um relacionamento aberto saudável e bem-sucedido.
Ao seguir essas diretrizes, o relacionamento não só tem mais chances de prosperar, como também permite que todas as partes envolvidas cresçam e aprendam mais sobre si mesmas e sobre a dinâmica única que estão criando juntas. Afinal, relacionamentos são construídos com base no respeito, e esse respeito é o que manterá a chama acesa em qualquer formato que ele se apresente.
Wantuir Rock
Psicólogo CRP 04/432
Sexólogo
CRS 160324
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