Bigamia é crime? A diferença entre o amor livre e o vínculo jurídico no Brasil
- Amor de Trisal
- há 24 minutos
- 5 min de leitura
Entre a liberdade do sentir e a lei que limita: um olhar psicológico sobre o amor a três

Você já se perguntou se amar duas pessoas ao mesmo tempo é crime? Na prática, o coração humano raramente se encaixa nas gavetas da lei. E é justamente nesse choque, entre o desejo de viver o amor em sua forma mais ampla e o peso das normas jurídicas, que nasce a confusão entre o que é bigamia e o que é amor livre.
Neste artigo, mergulharemos nesse dilema sob o olhar da psicologia, da neurociência e da consciência afetiva.
Afinal, o que acontece no cérebro de quem ama mais de uma pessoa?
E por que a lei brasileira ainda considera crime o que, emocionalmente, muitos já vivem de forma natural?
O que é bigamia ? E por que ainda é crime no Brasil
Na definição jurídica, bigamia é o ato de contrair um segundo casamento sem que o primeiro tenha sido legalmente dissolvido. O Código Penal Brasileiro, no artigo 235, é claro: “Quem contrai novo casamento, sendo casado, comete o crime de bigamia”.Ou seja: o crime está no vínculo formal e legal, não no sentimento.
O que muitas pessoas confundem é que o crime não se aplica a quem vive em relacionamentos múltiplos, trisal ou poliamor, desde que não haja uma segunda certidão de casamento. No campo jurídico, o problema não está em amar mais de uma pessoa, mas em burlar o contrato civil que a monogamia impõe como padrão.
A punição, ainda que raramente aplicada, pode chegar a dois a seis anos de prisão para quem contrai o novo casamento e de um a três anos para quem casa com alguém que sabe ser casado.
Amor, desejo e pertencimento
Em termos psicológicos, a bigamia, enquanto comportamento, fala mais de uma tentativa de conciliar desejos conflitantes do que de má-fé. O cérebro humano é profundamente relacional: ele busca segurança e, ao mesmo tempo, novidade.
Segundo estudos em neurociência do apego, temos circuitos distintos para o vínculo afetivo (oxitocina e vasopressina) e para o desejo sexual (dopamina e testosterona).Quando alguém tenta viver dois vínculos simultâneos sem integrá-los com verdade, o conflito interno é inevitável: porque há uma sobreposição de papéis emocionais que o cérebro tenta equilibrar.
Na terapia, é comum observar que a pessoa “bígama” não deseja necessariamente enganar. Ela quer, inconscientemente, preservar uma parte de si em cada relação: a estabilidade em uma, a paixão em outra. Mas essa divisão interna cobra um preço alto em ansiedade, culpa e exaustão emocional.
O cérebro dividido entre dopamina e oxitocina
Do ponto de vista neurocientífico, o cérebro humano não nasceu para a monogamia ou para a poligamia, ele nasceu para o vínculo e a recompensa. A dopamina, neurotransmissor do prazer e da motivação, é ativada pelo desejo e pela novidade. Já a oxitocina e a vasopressina estão ligadas ao apego, confiança e sensação de segurança emocional.
Quando alguém se envolve em duas relações simultâneas, o sistema dopaminérgico tende a buscar excitação e intensidade, enquanto o sistema oxitocínico tenta garantir estabilidade e vínculo. Essa dança química pode gerar o que chamamos de “ambivalência afetiva”: a mente oscila entre o amor profundo e o impulso de fuga.
Por isso, viver o amor a três de forma consciente exige maturidade emocional e auto regulação, não se trata de quantidade de parceiros, mas da qualidade da presença.
O caso de Léo, Bia e Nanda
Léo era casado com Bia há oito anos. Ambos se amavam, mas o cotidiano havia se tornado previsível. Um dia, durante um congresso, Léo conheceu Nanda: uma mulher intensa, curiosa, com quem sentiu um despertar que há tempos não vivia. Ele não queria abandonar Bia, mas tampouco queria perder Nanda. Sem saber como lidar, acabou se envolvendo com as duas, mantendo o casamento oficial e um relacionamento paralelo.
Quando a verdade veio à tona, o caos se instalou. Mas foi na dor que o trio descobriu algo mais profundo: o amor não era o problema: era a falta de consciência sobre o que viviam. Em terapia, compreenderam que a bigamia jurídica de Léo era, na verdade, reflexo de uma bigamia emocional antiga: o medo de escolher entre a segurança e a liberdade.
Com o tempo, decidiram transformar o conflito em processo. Hoje, vivem o amor de maneira transparente, sem contratos duplos, mas com acordos claros. O triângulo que antes era proibido se tornou um espaço de crescimento, uma “trisalidade” consciente, onde o amor deixou de ser segredo e passou a ser escolha.
Maturidade, verdade e presença
Na prática clínica, a questão da bigamia raramente é sobre lei. É sobre verdade emocional. O que destrói não é o amor múltiplo, mas a mentira que o cerca. O relacionamento amadurece quando a liberdade vem acompanhada de responsabilidade e empatia.
Como psicólogo e sexólogo, vejo que o desejo de viver o amor a três não nasce do impulso, mas da necessidade de expansão afetiva. As pessoas buscam vínculos mais honestos, onde possam amar sem se anular. Por isso, diferenciar bigamia (crime jurídico) de trisal (acordo afetivo) é essencial: um burla a lei, o outro ressignifica o amor.
O caminho terapêutico é o da consciência: integrar desejo e verdade, corpo e alma, prazer e ética. A neurociência mostra que quando agimos com coerência entre emoção e comportamento, o cérebro libera serotonina e endorfina, substâncias que trazem paz e plenitude.
O convite à consciência, do crime à coragem de amar
O amor não cabe em rótulos legais, mas também não sobrevive à desonestidade. Vivemos um tempo de transição: entre o modelo monogâmico herdado e os novos arranjos afetivos que pedem diálogo, respeito e transparência.
Talvez o verdadeiro “crime” não seja a bigamia em si, mas a incapacidade de sermos inteiros com quem amamos. A evolução afetiva começa quando deixamos de esconder o desejo e passamos a integrar a verdade.
Amar mais de uma pessoa não é pecado, é complexidade humana. Mas viver isso com consciência é o que diferencia o caos do encontro, o impulso do afeto e o crime da coragem.
Entre a lei e o coração
No fim, o amor é um território que a justiça ainda não compreende por completo. A bigamia continuará sendo crime enquanto o contrato civil for o único modo reconhecido de compromisso. Mas o amor, esse não precisa de cartório. Ele precisa apenas de verdade, responsabilidade e consciência emocional.
“Não é a quantidade de pessoas que define o amor, mas a qualidade da presença.”
📲 Clique no botão abaixo e fale diretamente no WhatsApp:
👉 Agendar Terapia com Wantuir Rock
Prepare-se para uma nova era de discussões e descobertas no mundo do amor!

Wantuir Rock
Psicólogo CRP 04/432
Sexólogo CRS 160324




Comentários